Marcha da Maconha e a violência que vem de cima

Encanta Vale 2011

2º Dia
Eram 3 horas da manhã quando o ônibus vindo de São Paulo chegou ao Parque Náutico de Jaguara, na chegada os grupos foram orientados sobre seus alojamentos e o cronograma para o dia seguinte, a equipe da ounão ajudou na logística de desembarque juntamente com a equipe do evento, afinal a palavra de “desordem” é coletividade.
foto Núbia Abe
No interior de Minas Gerais é sempre muito difícil acordar, ainda mais quando se está acostumado com o caos matinal paulistano, os sons em Sacramento são outros e o sol vem bater a porta. Poesia chula a parte a atmosfera do lugar transformada por um grupo formado por músicos, produtores, grafiteiros e fotógrafos mais de 60 pessoas tomaram o hotel do parque e logo cedo, através das conversas no café da manhã, pode-se perceber o que estava por vir.
Após o ensaio do grupo de maracatu Baque Sinhá os grafiteiros e artistas visuais de São Paulo iniciaram os trabalhos. Os espaços do parque foram tomando novas formas, cores e sentidos, as pessoas que estavam no local, mesmo antes do início do evento, paravam curiosas para observar os trabalhos, enquanto isso no palco a equipe de produção deixava tudo no ponto para o start das apresentações.
Pausa para o almoço.


As 13hs o grupo Baque Sinhá fez as honras do dia com uma apresentação energética e cheia de cores, formado por um grupo só de mulheres o Baque Sinhá trouxe essa atmosfera yang que está permeando tudo o que acontece nesse meio de vida contemporâneo e muito bem representado, diga-se de passagem.

Na seqüência o grupo Cangarussu promoveu uma verdadeira salada de ritmos afros e regionais brasileiros, vestidos de vermelho e com os rostos pintados arrancaram reações pra lá de interessantes das pessoas que assistiam.

Após a discotecagem do DJ Fino, que mandou um playlist basicamente brazuca e muito bem selecionado, adentrando a noite deu-se início a mesa de debates com a participação de diferentes representantes locais e de São Paulo, os temas foram cultura afro e indie. O debate foi interessante e quente em alguns momentos o que é sempre bom para aumentar uns 2 graus na temperatura ambiente.

Logo após com a galera dos grupos sedenta por trocas armou um after em uma das casas onde ficaram hospedados e ai, o resto é estória.

Imersão Ounão Encanta Vale 2011

NO FINAL DE SEMANA QUE ACONTECE A VIRADA PAULISTA, PROJETO ENCANTA VALE IDEALIZA REVOLUÇÃO CULTURAL NA REGIÃO E FAZ HOMENAGEM AO MOVIMENTO NEGRO NO TERCEIRO FESTIVAL DE INVERNO DO PARQUE NÁUTICO DE JAGUARA.

No dia 13 de maio comemora-se a Abolição da Escravatura no Brasil. A palavra “abolir” significa acabar, eliminar, extinguir. A escravidão foi oficialmente extinta nesse dia por meio da Lei Áurea. “Áurea”, por sua vez, quer dizer “de ouro” e – por aí – você pode imaginar o valor que se deu a essa lei, com toda a razão, e por este motivo o Encanta Vale 2011 fará uma homenagem ao movimento negro.

“É o compartilhar de uma massa de idéias e reações emocionais pelos membros de uma sociedade que dá a esta sociedade unificação das vontades e a capacidade de ação voluntária conjugada”. Ralph Linton – O Homem uma introdução à antropologia.

O Encanta Vale é idealizado pelo fotógrafo e produtor cultural Ernani Baraldi. O projeto é uma miscelânea cultural que promoverá encontro de vários artistas independentes que idealizam a cultura popular, manifestações urbanas, artes visuais e diversas atividades coletivas que visam fortalecer os aspectos culturais das comunidades receptoras, promovendo intercâmbio cultural.

“Nos últimos seis anos, estudos antropológicos me trouxeram a necessidade de compartilhar vivências aquém do mundo corporativo, uma peregrinação entre manifestos socioculturais de tribos que pesquisei durante quatro anos na babilônia cosmopolita São Paulo. Esta pesquisa me projetou a distintos nichos de indivíduos híbridos multiculturais e pluriétnicos, que vivem uma antropofagia visual de vanguarda. Estes indivíduos, e suas atividades artísticas, revelam um movimento modernista revolucionário”. Ernani Baraldi

Foi em dois mil e nove que nasceu o Encanta Vale, o nome é referente ao vale onde fica a cidade de Rifaina, ao norte do estado de São Paulo, terra natal do idealizador. A cidade encontra-se no flanco direito do canyon do rio grande, estando numa região da era mesozoica (650 milhões de anos) do complexo da canastra. Por este motivo, e não é de se espantar, que o lugar seja especial, mas na percepção de Ernani, deixou de ser encantando, pois aos poucos Rifaina foi perdendo sua identidade cultural por causa de diversos momentos econômicos e políticos, assim como muitas outras da região que vivem a dor corrompida de uma hipnose generalizada do plin plin.

Ernani entristece ao falar, pois ele vivenciou uma dura rotina de re(adaptação) quando voltou a viver por lá. Isolado, manteve-se concentrado em seus projetos, desempregado (na visão de muitos) ele dedicou noites sem dormir para sonhar, e descansou dormindo a espera melancólica de dias melhores. Ao perceber que muitos de seus amigos esqueceram “que o essencial é invisível aos olhos” estudou para melhorar o que ele acha sobre liberdade, e é essa liberdade do pensamento.

O Encanta Vale, nasceu com o propósito de promover e unir expressões culturais com diferentes linguagens na região do vale do Rio Grande. Em sua versão coletiva de 2009 participou: Grupo Viralatisse, Daniel Wolf, Paula Avalá, Luna Borges, Samuel Rosa, Gleds Lima, grupo percussivo de Rifaina, Projeto Causa Efeito Luis Birigui e projeto cidade aprendiz Wagner Roza, a direção ficou por conta de Andréz Gonzales e Ernani Baraldi, a produção executiva contou com Raquel Zucchi e Angela Gaeta, cenografia Camila Sousa e Fenanda Telles, captação de imagens Thiago “zé” e figurinista foi Cybelle Meireles (in memoria).

Os apoios institucionais vieram da Prefeitura Municipal de Rifaina, por parte da Secretaria de Cultura, secretário Cézar Barsanulfo e Secretario de Meio Ambiente Carlos Baraldi. Já os apoios culturais vieram da empresa de transportes Urubupunga Turismo, Projeto Fotógrafo Urbano, Aguas do Vale Hotel, Porto Marina Farol e Marina Maré Alta Rifaina. Todos os artistas doaram seus cachês.

Em 2010, com formação reduzida, por problemas técnicos e políticos, a nova versão que levaria 12 horas de cultura para Rifaina foi adiada, entretanto executou-se uma ação cultural que Ernani titulou de “ataque soviético” menção a frase que o grafiteiro Sola de São fez num certo dia. Esta ação teve o apoio dos artistas do grafite art de São Paulo: Finok, Ise, Toes, Magrela, Sinhá, Sola e Pique, contou com apoio da pousada da Pedra e Parque Náutico de Jaguara e, ainda, colaborou Rica Luz de Franca, e o fotógrafo Victor Herege de São Paulo.

O Encanta Vale quer democratizar o acesso e a fruição do modo de fazer e criar das culturas populares e urbanas, buscando união dos manifestos apresentados com as comunidades que englobam todo o flanco direito e, também as que estão no esquerdo, ou seja, do lado mineiro. Este ideal manifestado quer fomentar projetos relacionados a estes movimentos aqui na região, promovendo turismo sustentável para assim, fortalecê-lo para bem receber a copa de 2014 e olimpíadas de 2016, dois grandes eventos que atrairá muitos turistas estrangeiros e brasileiros, qual o Parque Náutico de Jaguara postulou projeto para sediar uma delegação esportiva.

O Encata Vale 2011, esta em sua terceira edição e já demonstra um elevado grau de maturação, onde o mesmo, neste ano, será expresso no terceiro Festival de Inverno do Parque Náutico de Jaguara, que é o patrocinador oficial do projeto, através da lei de incentivo a cultura (lei rouanet).

Além de democratizar o acesso à cultura, o projeto objetiva principalmente, a visibilidade do fazer cultural deste coletivo de artistas que se encontram fora da mídia e dos espaços formais da grande produção cultural, apresentando uma visão crítica e ao mesmo tempo sensível do momento social de criadores e criaturas.

Tendências de vanguarda, diversidade cultural, manifestação de cultura popular, difusão, entretenimento e sustentabilidade.


•Encontro de pessoas das mais diversas culturas e influências relacionadas aos manifestos de arte e cultura popular, cultura digital e movimentos independentes;

•Integração com a singularidade das comunidades locais.

•Oportunidade de divulgação do trabalho independente e ampliação do mercado para os artistas envolvidos.

•Projeto inovador, diferenciado aos que acontecem na região, despertando interesse em constituir e continuar a promover atividades culturais relacionados às atrações apresentadas, “de tal forma que a comunidade, os seus membros e as suas economias possam preencher suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente atingindo pró-eficiência na manutenção indefinida desses ideais”. Conceito de sustentabilidade


PROGRAMAÇÃO

No dia 14.05 sábado, a miscelânea cultural tem início às 13 horas com apresentação do grupo BAQUE SINHÁ. Coletivo percussivo de São Paulo formado exclusivamente por mulheres. Sua proposta traz releituras de folguedos da cultura popular brasileira, como: maracatu de baque virado, yjexá, barravento, jongo, côco de roda e quebra-prato.

Elas começarão sua intervenção em cortejo pelas ruas do Parque até o palco principal onde continuam com seu espetáculo. “Antigamente, o cortejo era feito em homenagem aos Reis de Congo, representantes do povo negro. O nome “cortejo”, em Pernambuco, é usado quando as Nações de Maracatu saem às ruas, acompanhadas de suas respectivas cortes”. Realese projeto maracatu bloco de pedra

Logo em seguida, ainda na vertente afro-brasileira o GRUPO CANGARUSSU – também de São Paulo – inicia um espetáculo que une elementos da cultura indígena e afro-descendente, buscando apresentar a diversidade e a miscigenação cultural características do nosso país. Em seu espetáculo, alfaia, gonguê, agbês, timbas, caracaxá, maracas e caixa brincam com o canto e a dança. Num jogo simbólico, rítmico e envolvente, batuque, voz e corpo unem-se na tentativa de poetizar a diversidade brasileira.

Além das apresentações no palco principal, o Encanta Vale apresentará manifestações de arte urbana com live paint de grafite art com nomes expressivos do grafite nacional e internacional como: Prila Paiva, Magrela, Sinhá, Sola, Birigui, Wagner Roza, Mari Mats, , Fino e Cispeo, (São Paulo), Rodrigo Tas, Acir Zul (Franca) L7M (Bauru) e outras “crews” que preferem não divulgar seus nomes.

O coletivo de jovens produtores formado por Alexandre Manoel, Thiago Gomes, Jeremias Nunes, Danielle Braga e Dedo Zukla de São Paulo estarão expondo suas criações – originais – e farão workshop sobre o processo de criação das HQ´s (histórias em quadrinhos). Prila Paiva da Oca Haru estúdios, além de grafitar, irá discotecar e fará exposição de suas pesquisas afro-indígenas e brasilidades, juntamente com Discos Finos que traz essência ao vale passando por suas pesquisas do sound system jamaicano aos mais raros vinis, afrogrooves de primeiríssima classe, dois artistas reconhecidos na cena paulistana. Para completar o fim da programação vespertina, som experimental do coletivo GUERRILHA GIG de Franca que na sua base é formado por pessoas interessadas na difusão e promoção dos valores da cultura independente, produção cultural e acesso às tecnologias livres, também é integrado à Rede Fora do Eixo, a maior rede de cultura independente do país.

PROGRAMAÇÃO NOTURNA 14/5 – MESA REDONDA SOBRE MOVIMENTO DE ARTE INDEPENDENTE E MOVIMENTO NEGRO NO BRASIL

A segunda parte do evento acontecerá a partir das 20h30min. Mesa redonda sobre o movimento negro no Brasil e suas comunidades. A mesa contará com Amir Salomão Jacob, professor, escritor e superintendente de cultura e turismo de Sacramento-MG, Professor Berto Cerchi membro da academia de letras do triangulo mineiro. Também participa da mesa o jornalista, cineasta e crítico de cinema Geraldo Elísio que apresentará suas pesquisas nas vertentes afro-brasileiras. Gilberto Santana (grupo Cangarussu) e Carmelita Spreen (Instituto Pestalozzi) debaterão sobre racismo. Ser negro e nordestino em São Paulo.

Thiago Gomes da Naquin Beat, Alexandre Manoel revista subversos e Dedo Zukla da revista Mad apresentarão o documentário graficamente falando – entrando nas páginas das HQ ´s independentes de São Paulo. O jornalista da revista Rollin Stones e Curador do café filosófico da TV Cultura, Alex Antunes presidirá a mesa sobre o movimento de arte independente. Serão debatedores o diretor da revista ounão e produtor cultural – Didi Monteiro – Rica Luz produtor musical de Franca, Daniel Michoni publicitário de São Paulo, Tiago Lellis, Carlos Henrique Ribeiro Gomes, Bruno Morais Batista, Rodrigo Tas e Eduardo Berdui do coletivo Guerrilha Gig e Fora do Eixo – Franca e Ernani Baraldi, fotógrafo, produtor cultural diretor do Encanta Vale. Os participantes poderão intervir e debater sobre os temas relacionados.

A programação da mesa redonda termina e logo em seguida acontece exibição de documentários, apresentação dos coletivos e também uma “baladinha cultural” que contará com boa música comandada pelos produtores musicais Mats de sampa e Rica Luz de Franca. E ainda, participação de Discos Finos , Haru e quem mais quiser entrar na brincadeira de experimentar novos sons. A entrada é franca, porém para participar da mesa redonda e confraternização é necessário enviar nome para lista fotografoernani@gmail.com . Vale ressaltar que o consumo deverá ser pago no final através de uma comanda identificada, na recepção do hotel Jaguara.

No domingo acontece escambo (trocas e vendas) de peças únicas, bazar com exposição dos trabalhos dos artistas envolvidos, mostras permanentes de fotografias, oficina de Maracatu, grafite parangolé com Sandra Pestana do teatro de senhoritas e Luis Birigui do projeto causa efeito. Oficina de fotografia, cultura digital e edição de vídeo oferecido pelos fotógrafos, editores e produtores que estarão cobrindo o evento. Apresentações com jovens de Rifaina e folia de reis de Pedregulho.

O Evento será gravado com parte do projeto documentário histórico dos artistas evolvidos.

•Quando: 14/5 e 15/5

•Horário: Das 13 às 17 horas e programação noturna a partir das 20h30min

•Quanto: 1 kilo de alimento que será doado a instituição de caridade

•Onde: Parque Náutico de Jaguara
Rod. MG 428 KM 102
Jaguara
Sacramento-MG – 5 km de Rifaina-SP
•Contato: (34) 3351-9150 / 16 9244-4411 / fotografoernani@gmail.com

Diário de Bordo
 Foto Polonês
III Festival de Inverno do Parque Náutico do Jaguara/Encanta Vale 2011.

A revista ounão foi convidada pelo produtor cultural Ernani Baraldi para fazer parte do grande festival de inverno do Parque Náutico do Jaguara e do projeto Encanta Vale 2011. Essa iniciativa pode ser chamada de um grande coletivo de produções artístico-culturais que envolvem artistas e produtores de São Paulo e Minas Gerais: músicos, artistas visuais, produtores e outros agentes culturais estão envolvidos nessa proposta que visa incluir essa região do Brasil no roteiro cultural do país.

Foto Polonês
Neste tópico faremos um diário de bordo, onde iremos transmitir as impressões da Ounão em relação a este festival. Além disso, a Revista Ounão está encarregada de fazer uma matéria do sobre o evento, conversar com os agentes culturais envolvidos e com a comunidade local, com o intuito de tornar pública essa iniciativa cultural que é uma ferramenta agregadora de manifestações artísticas de vanguarda e de pessoas que estão pensando e promovendo cultura de maneiras mais democráticas e próximas.
1º Dia
 Foto Polonês
Saímos literalmente correndo de São Paulo, mais precisamente do bairro da Vila Madalena onde acontecia uma entrevista que fará parte da 5ª edição da revista ounão. Depois de pegar o metrô na estação Sumaré, fazer baldeação na Paraíso, chegamos à estação rodoviária do Tietê onde o artista visual Polonês estava literalmente segurando o ônibus, embarcamos.
Foto Polonês
A viagem foi tranqüila, atualizamos as informações com o Polonês no buzão e aproveitamos para descansar um pouco, afinal, logo cedo teremos muito trabalho. Descemos no local combinado, no trevo de Rifaina-SP, Ernani já nos aguardava e de lá seguimos para o Parque Náutico do Jaguara onde ficaremos hospedados. Ernani – na madrugada – nos abastece com uma avalanche de informações e ótimas novidades sobre o evento, com o dia raindo (como se diz no interior) aproveitamos para cochilar um pouco.  


Já no início da manhã fizemos um reconhecimento do espaço onde serão montadas as estruturas que abrigarão os grupos de grafite, a chegada dos blocos de Maracatu e outros pormenores da produção. O dia foi de apresentações e reuniões entre os produtores que já estão em Sacramento-MG, cidade onde acontece o evento, bem como um breve reconhecimento da cidade.

A sexta-feira será de muito trabalho para a equipe de montagem dos espaços e últimos acertos de produção. É isso ai galera, começou o Encanta Vale 2011. No próximo diário traremos o resumo da sexta-feira com a chegada de todo esse coletivo ao Parque.

Domingo na Casa Fora do Eixo 08/05

Texto Coletivo Ounão
Fotos por Adriano Singolani e Centro Multimídia


Nem só as mães são felizes

 Foto por Adriano Singolani
Foto por Adriano Singolani

Para quem acreditava que só as mães são felizes, num dia dedicado a elas, e que o Santos e o Corinthians poderiam conter os “órfãos” da babilônia, se enganou feio!
Ontem rolou na Casa Fora do Eixo SP o 2° domingo na CAFE/SP com muito som, churrasco, cerveja e todos os desgarrados e/ou sem mães em São Paulo, que a partir do meio dia começaram a chegar ao recinto.
Logo de cara as marcas visuais deixadas pelos artistas, que no domingo passado (dia da comemoração dos 5 anos do Fora do Eixo) invadiram a CAFE/SP, dando mais cores e formas à casa, chamam a atenção e fazem os que ainda não conheciam o lugar parar para apreciar os trabalhos. Essa casa vem cada vez mais demonstrando a força agregadora que esse tipo de movimento como o Fora do Eixo e os processos colaborativos podem ter em diferentes meios artísticos e sociais.
De início o Pub – muito bem composto visualmente – abrigava os primeiros convidados e a Banda Valvulla fez as honras do dia, abrindo os trabalhos com um rock inglês de qualidade.
Valvulla - Foto por Adriano Singolani
Nesse dia a palavra de ordem foi DIVERSIDADE. Diferentes grupos se apresentaram e com propostas bem variadas, como a Trupe Chá de Boldo que com uma gama de bons instrumentistas e um trio feminino de back vocals pra lá de charmoso, fez as coisas esquentarem dentro do pub.
Trupe Chá de Boldo - Foto por Adriano Singolani
Além da diversidade de gêneros musicais, a mescla de pessoas de diferentes regiões do país esteve bem presente nesse dia, o que acaba por promover a troca de culturas regionais, o que é ótimo, pois assim, um maior número de pessoas interessadas em cultura e arte pode conhecer um pouco o que acontece nesses Brasis.

Nevilton - Foto por Adriano Singolani
Martin e Eduardo - Foto por Adriano Singolani
Destaque também para a galera do audiovisual que tem feito a transmissão ao vivo via web das atividades domingueiras da casa.
Já do lado de fora, os DJs mandaram bem como de costume, com playlists muito bem sinkados com a atmosfera da Casa, afinal de contas o público é exigente.
Foto por Adriano Singolani
Com cerveja e quitutes na alta, a galera foi chegando e deixando o almoção de domingo com a velha para se alimentarem de outras coisas que a Casa Fora do Eixo SP oferece. Com término do clássico paulista, Santos e Corinthians – que não rendeu em nada – a Casa foi ficando mais cheia e as constantes conversas e trocas ganhando mais atividade.
Foto por Adriano Singolani
Garotas Suecas - Foto por Adriano Singolani
Os domingos na Liberdade ou Cambuci já não são mais os mesmos. A Casa Fora do Eixo está transformando a rotina do bairro e também das pessoas que saem de suas casas, num dia estigmatizado com o preguiçoso ou de descanso, para caírem no “rock” na Rua Scuvero, 281.
Slim Rimografia & Thiago Beats - Foto por Adriano Singolani
Foto por Adriano Singolani
Foto por Adriano Singolani

Cedo e Sentado 03/05


Texto por Coletivo Ounão/Escobar Franelas
fotos por Adriano Singolani

Projeto Cedo e Sentado celebra 10º encontro

Parceria do Studio SP (rua Augusta, 519, centro, SP) e Circuito Fora do Eixo, o Projeto Cedo e Sentado comemorou nesta última terça, dia 3 de maio, o seu décimo encontro. Os convidados para a celebração foram as bandas The Salad Maker, de São Paulo; O Jardim das Horas, do Ceará, e Saulo Duarte e a Unidade, do Pará. Completaram o time dos festejos os dj Diosanto e Fiodiback, os vj do Clube de Cinema Fora do Eixo com suas projeções personalíssimas nos dois telões da casa, e a sempre abastecida banquinha homônima, com seus artesanatos, cd, dvd, livros, flyers e zines, para a degustação informativa do público em geral. Ah, sim – claro! – e o festivo público prata da casa.
Eles foram chegando e se achando, recepcionados pela cortesia sonora das pick-ups, até que o The Salad Maker subiu ao palco, tornando-o uma ensolarada Califórnia dos anos 60 e 70. Pois o quarteto paulista, formado em Londres em 2008, agora de volta para essas terras, pratica um rock direto, bonito de se ver e gostoso de se ouvir, com uma formação clássica: Renato Vanzella, vocal e guitarra; Thiago Romano, baixo e backing vocals; Denis, guitarra e backing vocals; e Ricardo Pardof, bateria. As roupas, barba e cabelos ajudam a completar esse look retrô, ainda que seja um híbrido de todas essas referências: Califórnia, Londres, São Paulo, e também o rock dos anos 80 e 90.
Certa vez o poeta e jornalista potiguar Dailor Varela disse que “o rock é a cultura mais resistente do mundo contemporâneo”. O The Salad Maker, com sua leitura peculiar dessa miscelânea de influências, está aí para provar que o poeta ícone do Poema-Processo estava certo. O rock é muito mais que um estilo musical, seu legado para o mundo é uma profunda aculturação observada em gestos, palavras, manifestações, independentemente da geografia. E que se traduzem em zilhões de corações pulsantes sobre a sua imantação sinestésica.
Depois do break para as necessárias idas ao bar ou banheiro, era hora de balançar os esqueletos de novo ao som contagiante dos dj da casa. E então O Jardim das Horas toma o palco. Outonal, como o tempo que agora faz nesses trópicos, o grupo exibe mais que um jardim, mas um quintal inteiro de sofisticadas texturas sonoras, amparadas por uma poesia sóbria, de singelas influências modernistas/concretistas. A insinuante vocalista Laya Lopes, de voz aguda e rascante, acompanhada pelos ótimos Carlos Eduardo Gadelha, na guitarra e programação; Raphael Haluli, no baixo e vocais; e Beto Gibbs, na bateria, vale-se de um rico arsenal de gestualizações, numa performance que irradia equilíbrio, carisma e sensualidade no palco. A releitura sintetizadora de “Construção”, de Chico Buarque, e o convite para que Daniel Groove e Saulo Duarte dividissem o palco com ela, numa sessão reggae malemolente e recheada de jamaicanidade, emprestou ao show da banda uma ar de peculiaridade ímpar. Jah deve ter gostado. O público, mais ainda.
A pausa providencial foi só um intermezzo para a chegada do catártico Saulo Duarte e a Unidade (Klaus Sena, no baixo; João Leão, teclados; Bruno Souto, percussão; e – de novo – Beto Gibbs, bateria), além do próprio, na voz e guitarra.
Autor de uma profusão de hits candidatos à dominação de rádio AM, e uma musicalidade que equilibra-se elegante e confortavelmente entre o risível e o popular, Saulo e a Unidade é entretenimento garantido, com uma instrumentação “pegajosa”, letras humoradas, empatia de sobra e todos os elementos necessários para a sedução e catarse da platéia. Prova dos nove foi ver toda a galera dançando alegremente, inclusive quando novamente chamou ao palco Daniel Groove, agora acompanhado de Diogo Soares, para nova intervenção vocalística.
Toda noite Cedo e Sentado tem algum tipo de predominância. A desta terça, além das participações bisadas de Saulo Duarte, do baterista Beto Gibbs e do entertainer Daniel Groove, reservou outro elemento: a empatia dos vocalistas. Não que isso seja fato raro. O palco do Studio SP tem sido um oásis de grandes bandas, notáveis compositores, excelentes músicos e ótimos vocalistas. O que diferenciou-o dessa vez, porém, foi o fato de que três expressões tão diferenciadas, de repertórios, performances e timbres muito distintos, ainda assim eram também primores de simpatia e carisma.
Convenhamos, isso é quase um epifania. Sorte de quem estava lá.

5 Anos Fora do Eixo

Texto Coletivo Ounão
foto por Fernanda Frazão

Contrariando os Titãs

Acredito que o titulo do texto é uma forma – que consegui – de iniciar a construção ou desconstrução do dia de ontem na Casa Fora do Eixo SP.
O começo da festa (foto por Camila Cortielha)
A galera aquecendo (foto por Adriano Singolani)
Casa cheia (foto por Fernanda Frazão)
Domingo 1° de Maio, comemorou-se em São Paulo, os 5 anos da criação do Circuito Fora do Eixo. Poderíamos ficar aqui escrevendo um tempão as ações e atividades que o Circuito realizou durante esses anos, é desnecessário, pois os próprios acontecimentos do dia de ontem são em forma física tudo o que representa o Fora do Eixo e também por acreditar a atmosfera que rolou durante o dia todo é de contrariar os Titãs, não as entidades da mitologia grega, mas sim os Titãs Paulo Niklos, Branco Melo – da música Domingo.
Emicida (foto por Vitor Jardim)
Macaco Bong (fotos por Vitor Jardim)
Nada de descanso, marasmo, chinelo e TV, porra nenhuma! A ordem do dia era o inusitado, e estar aberto para receber tudo o que esse dia tem pra lhe oferecer e surpreender, atenção.
Todas as atividades, pessoas, interações que aconteceram a partir das 10h, eram realmente algo diferente. Logo cedo os artistas visuais iniciaram um processo de re-visualização do espaço, desde a parte da rua (os muros) às paredes da externas da casa. Ouviram até um papo de fazer dentro da casa. E ai será que rola? Olha a Deixa. Os trabalhos foram bem diversos tanto de linguagem, quanto técnica: do rolinho, spray a compressor aerógrafo.
Jair Naves (foto por Adriano Singolani)
Leela (foto por Adriano Singolani)
Fóssil (foto por Adriano Singolani)
Kamau (foto por Fernanda Frazão)
Cérebro Eletrônico (foto por Adriano Singolani)
A hospedagem solidária se transformou no PUB – o espaço de apresentação das bandas. Logo cedo o Macaco Bong fez uma apresentação psicodélica antes das 11hs, um desjejum e tanto. Os mais desavisados – como eu – acredito que tiveram uma sensação de estarem no meio da madrugada, com guitarras, bateria e baixo, altos pra caramba – no melhor sentido –, mas ainda era manhã de domingo. O visual desse espaço era uma doideira com diferentes estímulos de cores, projeções e formas que criaram boas experimentações visuais, além do som que as bandas mandaram uma atrás da outra.
Holger (foto por Pablo Capilé)
Black Drawing Chalks (foto por Adriano Singolani)
Miranda Kassin e André Frateschi (foto por Adriano Singolani)
Madame Saatan (foto por Adriano Singolani)
Gaby Amarantos convidou Iara Rennó e Thalma de Freitas
(foto por Fernanda Frazão)
Do lado de forma enquanto rolava um churrasco na faixa, os DJ´s se revezaram o dia todo em seqüências ininterruptas de som. A todo tempo chegavam pessoas na casa e logo davam de cara com uma grande movimentação de pessoas e coisas que aconteciam tudo ao mesmo tempo agora.
Pitty (foto por Fernanda Frazão)
Fabrício Nobre (foto por Pablo Capilé)
Dago Donato (foto por Adriano Singolani)
DJ Thalma de Freitas (foto por Fernanda Frazão)
DJ Barata (foto por Fernanda Frazão)
Emicida chegou um pouco antes da chuva. Enquanto alguns pingos ameaçavam cair e fechou o tempo dentro da sala de “projeção”. A partir dali tudo está modificado. No entanto, parecia que São Pedro ia fazer miar a coisa com uma chuva de ida e volta, e parece que fica, mas nem a chuva deu jeito no que já tava desarrumado. Prova disso também é a galera das artes visuais, que continuou os trabalhos dando um ‘migué’ na chuva.
#Compacto.Arte (foto por Vitor Jardim)
Escobar Franelas (foto por Fernanda Frazão)
Ocupação da Fora do Eixo Letras (foto por Brunno Marchetti)
A banca Fora do Eixo estava cheia de materiais de interessantes artistas da cena, não somente de música, mas literatura e outros. Aproveitando o gancho das letras, o núcleo F.E.L Regional/SP convidou escritores locais para se apresentarem no evento. No meio da tarde chegaram Escobar Franelas, Rui Mascarenhas e Costa Senna, que durante as trocas de bandas os tomaram o mic, e apresentados por Mari Campos do Coletivo Ajuntaê, colocaram poesia num dia lírico por intenção. Gancho ótimo para Kamau, que na saída de Costa Senna linkou a rima do escritor com o bit da música e entrou com som.

Banquinha Fora do Eixo (foto por Driade Aguiar)

foto por Dríade Aguiar
Com o baixar das luzes, já na boca da noite – como diziam os mais antigos – uma multidão de pessoas tomou todos os espaços da casa, e tudo foi transmitido ao vivo pelos canais de web do Fora do Eixo, isso rendeu noticias de pessoas que estavam em casa esperando a chuva dar uma baixada pra sair, mas quando viu pela web, saiu na chuva mesmo pra cair pra casa.
Compacto.Arte (foto por Adriano Singolani)
Domingo também é dia de jogo (foto por Fernanda Frazão)
Palco Fora do Eixo (foto por Adriano Singolani)
O evento de ontem na CAFE-SP com certeza pode ser descrito como Experience, bem na vibe Jimmy Hendrix. Acompanhar tudo o aconteceu desde o início foi uma maratona (10hs às 22hs) de informações, trocas, novos rostos e também da boa e velha diversão, afinal de contas era uma festa. Parabéns ao Circuito Fora do Eixo e que venham os próximos anos.

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